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21 agosto 2023

Bloco, Minifolha e Folha

De fato existe essa confusão entre o que é um BLOCO e o que é uma FOLHA, ou MINIFOLHA. A confusão se dá pela falta de concepção do catálogo RHM com relação a algumas peças emitidas pelo correio brasileiro. Isso não ocorre com outros catálogos. Schwaneberger Verlag, editora do catálogo MICHEL, definiu assim no ano 2000: 

Existe Bloco (block), Minifolha (kleinblogen), e Folha (bogen). 

A definição é a seguinte:

– Se a peça conter até 3 selos idênticos, ou 6 selos diferentes, (números principais de catálogo), é um BLOCO.

– Se houver mais de 4 selos idênticos ou mais de 7 selos diferentes, é uma MINIFOLHA.

– Com 4 selos idênticos, também depende: Se é uma peça grande, com margens grandes, decoradas, que fazem parte ou complementam o design dos selos, é um BLOCO. Caso contrário, é uma MINIFOLHA.

– Peças com mais de 10 selos diferentes são FOLHAS.

Seguindo essa definição, que me parece bastante correta e precisa, e é amplamente usada na Europa, me parece que temos algumas inconsistências na catalogação do RHM. Por exemplo: emissão ano 2001 “Centenário do Instituto Butantã”, é uma peça contendo 8 selos diferentes, portanto segundo MICHEL é uma Minifolha. Já o RHM considera como “Bloco” (RHM B-118). 

E segundo essa mesma definição do MICHEL, a emissão ano 2023 “Moedas Brasileiras” contendo 9 selos diferentes, é uma MINIFOLHA, não um bloco (mais de 6 selos diferentes) e tampouco uma folha (se tivesse um selo a mais, seria considerado FOLHA).

A dúvida se dá porque as minifolhas, pro RHM, são igualmente BLOCO. É “aceitável”, dá pra engolir, mas é impreciso. E assim sendo, segundo a definição do RHM, (ou melhor, a falta dela…), a emissão “Moedas Brasileiras” será mesmo um BLOCO (provavelmente B-232).

Eu fico com MICHEL: Pra mim, é uma MINIFOLHA. Mas como disse, é “aceitável”, tanto que também chamo de BLOCO, já que todo mundo vai chamar assim e assim será catalogado neste único catálogo que temos.

Esclarecida a questão, ressalto que esse nem é o maior problema que vejo.

O que me causa estranheza, na verdade, são quanto as FOLHAS. Estas simplesmente NÃO EXISTEM pro catálogo RHM, tendo sido catalogados apenas os selos isolados, o que é um absurdo. (Exemplo: emissão ano 2013 “350 anos dos Correios”. No RHM é catalogado selo a selo, e não há cotação pra folha inteira, que EVIDENTEMENTE, óbvio ululante, vale mais que os selos picotados. Todos compraram a folha completa e assim a guardaram. A cotação selo a selo deve existir, sim, mas claro que a folha completa e inteira vale mais e também deve apresentar cotação. (Obs.: Estou usando o catálogo RHM 2016, não sei se corrigiram essa falha grotesca nas edições seguintes).

24 janeiro 2022

Bloco Mackenzie

Procurei em todos os lugares esse bloco e no eBay foi o único lugar que encontrei à venda. O valor é esse aí que vocês estão vendo: US$ 56 dólares americanos, ou R$ 303 reais brasileiros na cotação de hoje.

O que sei sobre isso é o seguinte:

Tiragem de 15.000 exemplares.

Segundo disseram em outros lugares, o Instituto Mackenzie comprou 10.000. Eles podiam fazer isso? Não sei. Não me parece correto, acho no mínimo imoral e muito ruim pro comércio filatélico. Por outro lado, se não há regras que limitem a quantidade de compra por CPF, e a mercadoria foi disponibilizada, compra quem quer e na quantidade que desejar. E aí o vilão da história aqui não é o Instituto Mackenzie, e sim os Correios, que permitiram tal desgraça acontecer. 

Dos 5.000 exemplares que sobraram, 2.300 vão ficar retidos nos Correios para a montagem das coleções anuais, e 700 vão pra União Postal Universal.

Vi alguns comerciantes pedindo por uma segunda tiragem pra atender aos filatelistas. Duvido que vá ocorrer.

Restam as questões:

Onde estão os 2.000 blocos restantes, que a gente procura em todas as agências dos correios e não encontra? Alguém também comprou antecipadamente e vai soltar no mercado a conta-gotas? E as coleções anuais de 2021 também serão adquiridas em grande quantidade por comerciantes inescrupulosos atentos assim que forem lançadas, e nos custar os olhos da cara?

É assim que vocês querem incentivar a Filatelia?

Com R$ 300 você compra uma peça com valor histórico. Um bom envelope ou selo do Império. Não uma peça feita 3 meses atrás e cujo valor é meramente especulativo.

Da minha parte, jamais pagarei esse absurdo. E penso que somente OTÁRIOS pagarão.

NÃO SEJA OTÁRIO. NÃO COMPRE ESTA MERDA POR ESSES VALORES SURREAIS.

NÃO DÊ SEU DINHEIRO PRA ESSES VAGABUNDOS GANANCIOSOS E INESCRUPULOSOS.

E digo mais: Procurei nas redes se alguém se indignou com esse absurdo. Vi um blog de um filatelista particular (Chaleira), e vi o informativo de um comerciante filatélico (77 de Jundiaí). SÓ ISSO.

Nenhuma manifestação da FEBRAF. Nenhuma manifestação da Sociedade Philatélica Paulista. Nenhuma manifestação de entidade filatélica alguma, que diz “representar” os filatelistas.

Todo mundo caladinho. São coniventes com esse absurdo? Ou será que algum associado do “alto escalão” possui a tal peça em grande quantidade e as entidades o estão protegendo?

Não sou advogado, mas no meu entender de leigo, o correto era JUDICIALIZAR essa questão. Ingressar com uma AÇÃO JUDICIAL contra os Correios exigindo explicações sobre essa venda, uma nova tiragem, a localização das 2.000 peças restantes, e a imposição de uma regra sobre quantidade de venda de um mesmo item por CPF. Cabe até investigação na Polícia Federal pra averiguar se algum funcionário dos Correios entrou em algum conluio ou comum acordo com algum funcionário do Instituto Mackenzie pra adquirir essa grande quantidade antecipadamente, e inflar artificialmente os preços das peças. Estamos no Brasil, terra da corrupção e aqui se pode esperar de tudo. Porém, o uso próprio de informações privilegiadas que podem mexer com valores de uma ação ou bem, é crime.

Advogados pra isso, essas entidades tem. Mas não vi nem mesmo uma notinha, um textinho de indignação. NADA. ZERO. Porquê esse silêncio sepulcral sobre algo tão grave?

Então, pra quê servem essas merdas de entidades? Se não podem defender os interesses dos filatelistas, se for só pra fazer longos e tediosos videozinhos de palestras que quase ninguém assiste (dado o número insignificante de visualizações de todos eles) numa auto-masturbação mental de egos, então fechem as portas. Defendam a FILATELIA, não comerciantes filatélicos inescrupulosos!

11 janeiro 2022

Livro de Secar Selos

Minha opinião em resumo: É uma ferramenta indispensável ao filatelista. Não dá pra não ter.

Adquiri o meu livro de secar selos, da marca alemã Leuchtturm, com nosso amigo Nélio, da «Farol Alemão Coleções», (https://farolalemao.com.br/ ) no começo de 2019. Portanto lá se vão 3 anos de FORTE utilização.

 

Estou utilizando pra lavar os selos que recebo de envelopes, fragmentos, compras de pacotes, etc, e igualmente, de uma caixa contendo 1,5 Kg de selos da série «Vultos Célebres da História do Brasil», também conhecida como «Bisneta» que comprei tempos atrás para estudos. Mais de 15 mil selos. Portanto, toda semana tem selo sendo seco no livro desde então.

Como é: Trata-se de um caderno A4 composto por 2 tipos de folhas intercaladas: Uma folha muito grossa de um papel bastante absorvente, parecido com papel Paraná, tipo mata-borrão, e outra feita de um plástico grosso, parecido com aquelas transparências pra retroprojetor. Isso repetido 10 vezes, ou seja, 10 folhas plásticas intercaladas com 10 folhas de mata-borrão.

 

Primeiro você faz o procedimento normal de lavagem, ou seja, retirar os selos dos envelopes, fragmentos, etc, ou higienizá-los pra remover ferrugem, charneiras, etc, deixando-os de molho numa bacia com água, e deixando os selos secarem sob um papel toalha.

Os selos devem estar quase totalmente secos, porém ainda úmidos demais ao toque dos dedos pra serem postos num álbum ou classificador, com a maior parte da água sendo absorvida pelo papel toalha.

É nesse ponto que entra o livro de secar selos.

Colocam-se os selos entre as páginas do livro, com a face impressa deitada sob a folha plástica, e o verso do selo virado pro papel absorvente mata-borrão. Fecha-se o livro, e coloca-se um peso (quanto mais pesado melhor) por cima do livro.  (Eu uso meu gabinete de moedas, deve pesar uns 15 kg). Deixe os selos lá por pelo menos uns 3 dias. Se o clima estiver muito úmido e chuvoso, deixe uns 4 ou 5 dias.

O resultado é excelente. Os selos ficam totalmente planos e lisos, de uma forma que não se consegue por outro método. Leves amassados desaparecem por completo, e até vincos muito fortes são bastante suavizados. A denteação fica perfeitamente plana e suaviza qualquer dobra.

DETALHES IMPORTANTES:

Demorei um pouco pra descobrir o ponto exato de umidade no qual os selos devem ser postos no livro. Tem que estar digamos uns 90-95% seco. Selos modernos, com papel couché, especialmente, tendem a grudar nas folhas plásticas, se colocados úmidos demais.

Outro ponto, eu tive que arrancar uma das páginas do meu livro. Coloquei alguns selos pra secar, infelizmente úmidos demais, quase recém saídos da bacia, e no dia seguinte fui viajar, voltando 10 dias depois. A página criou um bolor preto, MOFO, e tive que descartá-la e lavar os selos com permanganato.

Além disso, durante a lavagem, retire TODA a cola ou goma do verso do selo, esfregando o verso ainda úmido levemente com os dedos, caso contrário o mesmo irá colar no livro de secar selos! Em seguida ponha o selo já retirado do fragmento e livre da goma ou cola em outro recipiente com água, caso contrário você estará adicionando um selo levemente úmido, mas embebido em água de cola para secar no livro. Caso o selo grude em uma das folhas, basta usar um conta-gotas ou uma pipeta, umedecer a região onde está o selo grudado, e o mesmo facilmente se soltará.

Tive esses probleminhas logo no início por não saber como usar corretamente, e o grau de umidade em que os selos devem ser postos no livro. Repito: QUASE SECOS. Depois que se pega o jeito, aprendendo o ponto de umidade ideal, torna-se uma ferramenta muito útil.

Após a utilização, limpe as páginas plásticas internas com um pano pra retirar qualquer resíduo de cola, e para evitar mofo, deixe o livro de secar selos na posição vertical, com as páginas abertas, de preferência sob o sol por pelo menos 1 hora.

É uma compra que vale a pena, não deixe de ter!

24 dezembro 2021

LEILÃO? Não, obrigado.

Participei raríssimas vezes de leilões, por uma razão simples: Eu não sou afobado pra comprar peças pra minha coleção. Ao ver uma peça de interesse, vejo o preço, olho nos principais catálogos a cotação e a tiragem, dou uma boa pesquisada na internet pra saber se posso conseguir a mesma peça por um preço melhor... E tenho uma regra básica: Depois de tudo isso, EU AGUARDO 48 HORAS. DOIS DIAS. Passados os dois dias, se o interesse na peça permanecer e o preço estiver bom, faço a compra.

É dessa forma que tenho montado o meu acervo, há mais de 25 anos. Quase tudo comprado por preço fixo, à vista, venda direta e sem afobação. Não tenho pressa, a vida é longa…

Quanto aos leilões:

Não compactuo com tal prática de leilão, que somente serve para inflar no mercado os preços de peças comuns. Além disso, LEILÕES são fortes incentivadores da LUDOMANIA, grave doença patológica classificada pela OMS – Organização Mundial de Saúde - caracterizada pelo VÍCIO EM JOGOS, (CID 10 F63. 0 Jogo Patológico) onde o licitante arremata peças comuns por valores estratosféricos, às vezes nem importando muito com qual seja a peça, apenas pelo prazer e excitação de arrematar e “vencer” os licitantes concorrentes.

Alguns anos atrás, os leilões filatélicos eram por via impressa. Recebia-se pelos correios um catálogo de um leiloeiro, (o qual muitas vezes ficávamos com sérias preocupações sobre onde raios o sujeito conseguiu o nosso endereço). Mas ao menos costumava ser de leiloeiros sérios, gente que era igualmente filatelista ou comerciante estabelecido e conhecido.

Participei raríssimas vezes de leilões nessa modalidade, pois tinha que enviar uma carta com o lance, e torcer pra semanas depois vencer o lote desejado. Nunca coloquei mais que o mínimo possível, e claro, perdi muitas vezes. Ver uma peça que interessa, dar lance e saber que outros deram lances maiores, é muito frustrante pra mim. E quando vencia? Tinha que pagar o valor da peça + comissão do leiloeiro (geralmente 15-20% do arremate), + porte dos correios + 1% do valor do arremate pro seguro. No final das contas, ao fazer as contas na ponta do lápis, não raro a peça saía pelo preço de mercado de venda direta. E quando a peça aqui chegava, sempre tinha um “porém”, na maioria das vezes, selos com ferrugem.

Recentemente, vieram as redes sociais Facebook e Whatsapp. No Facebook ainda dá pra participar, pois a peça fica ali fotografada, (mesmo as comuns e baratas) e você vê quem é o leiloeiro, quem está licitando, e o leilão fica aberto por alguns dias, o que dá pra pesquisar, analisar e pensar se arrematamos ou não.

O problema ocorre quando um licitante filho da puta bloqueia o seu perfil pra que você não veja o lance dele e não possa cobrir. Tive um problema assim no leilão de numismática do Bruno Pelizari, um dos diretores da S.N.B.. O licitante concorrente me bloqueou, e deu um lance 1 real maior faltando 1 ou 2 minutos pro fim do leilão. Quando percebeu que me venceu, me desbloqueou. E eu aqui jurando que havia vencido a licitação. Quando vi a palhaçada e fui reclamar com o leiloeiro, a resposta foi a de que o fulano de tal era JUIZ de Direito, e que por isso jamais faria uma coisa dessas... (ou seja, ele é um juiz e eu sou um nada, e provavelmente estou mentindo, portanto ele ganhou e fica quieto aí…). Ok, não vou brigar. Mas também nunca mais participei do leilão dele e inclusive desfiz a amizade na rede social.

Já no Whatsapp... Tudo MUITO suspeito. As peças são licitadas uma a uma, e cada lote é apresentado meio que de surpresa (não dá pra ver as peças em licitação antes do leilão começar) e os licitantes (sem rostos, sem nomes, apenas números de telefone) dão seus lances e o lote é encerrado. Tudo isso em 1 minuto ou no mais tardar, 2 minutos. É olhar a foto, dar o lance e tentar cobrir rapidamente, em segundos, os lances dos demais. Não dá tempo nem pra pensar ou conferir na coleção se já temos aquela determinada peça.

Vi leiloeiros com perfis falsos (outro telefone com outra conta de whatsapp) dentro do grupo de leilão, fingindo ser cliente e dando lances nas peças, aumentando assim o valor final do arremate. Isso é fácil de provar, pois muitas vezes o arrematante fake do próprio vendedor, com o mesmo código DDD do vendedor, “ganha” a licitação, e algumas semanas depois, lá está a mesmíssima peça novamente em leilão. E claro, a peça retorna agora “valorizada”, com o preço inicial sendo o preço final do leilão anterior. E se questionarmos o fato, o vendedor irá dizer que o arrematante anterior havia “desistido” da peça ou que “por sorte apareceu outra”.

Além do mais, devido a rapidez com que cada lote é apresentado e arrematado, muitas peças já começam o leilão com lances iniciais já no valor de mercado de venda ao consumidor final. Como tudo é rápido, não dá tempo do licitante fazer a menor pesquisa de preços.

E agora, recentemente, veio o portal de “Leilões BR”, que virou uma verdadeira praga e tornou tudo uma desgraça. Na imensa maioria dos casos, o leiloeiro NÃO É filatelista e NÃO É comerciante filatélico, ou seja, não entende nem mesmo o básico de filatelia. O sujeito comprou uma coleção qualquer, ou não raro, pegou consignado de algum comerciante com grande estoque, e está leiloando em retalhos.

Como o leiloeiro não conhece o que vende, isso poderia ser bom, se víssemos Olho de Boi sendo vendido a preço de selo comum, mas o que ocorre é justamente o contrário: Selos comuns sendo vendidos a preços de Olhos de Boi.

Selos que não dizem se são novos com goma, novos sem goma, novos com charneira, apenas apresentam como “novos”. E a ferrugem é chamada pelo eufemismo de “marquinhas do tempo”. Aí fica difícil licitar...

Ainda assim, arrisquei. Dei umas licitadas, venci dois lotes. O primeiro saiu a preço de mercado. O último tive que devolver: selo anunciado como “novo”, e fotografado somente pela frente, chegou aqui e tinha uma baita charneira e aminci.  Arrematado por R$ 470, cotando € 600 novo com goma e apenas € 15 sem goma ou com charneira, não me restou outra escolha. E por fim, o vendedor não gostou disso, e reclamou com a plataforma “Leilões BR”, que me bloqueou. Após uma troca de e-mails com muitas palavras ásperas, me desbloquearam, exceto pro site daquele vendedor específico (um tal Miguel Salles).

Muitos comerciantes filatélicos conhecidos estão aderindo a essa plataforma. Conheço lojas filatélicas que deixaram de ter vendas a preço fixo, e passaram a trabalhar somente com leilão por essa plataforma. São lojas que inclusive vão deixar de ver a cor do meu dinheiro.

Enfim, é leilão? Não, obrigado. Prefiro o bom e velho preço fixo, e somente compras em lojas e estabelecimentos conhecidos. Assim dificilmente passo raiva ou tenho frustrações com lotes perdidos ou vencidos que chegam aqui com defeitos não descritos.

01 outubro 2020

Glassine

Na filatelia, vamos encontrar o glassine principalmente em:

1) Envelopes confeccionados especialmente desse material;

2) em páginas intercaladoras nos classificadores;

3) nas tiras de certas marcas de classificadores;

4) Charneiras. (para os Fila-Jumentos que ainda usam isso...).

Antes de mais nada, vamos dizer o que NÃO É glassine e quais as diferenças:

Glassine NÃO É papel manteiga, e NÃO É papel vegetal!

Embora seja (de longe) visualmente parecido, e inclusive nos primeiros estágios de fabricação sejam idênticos, o papel manteiga vem em rolos, é vendido em supermercados e serve para culinária, não para coleções. É um papel tratado com silicone, e algumas marcas vem, inclusive, untadas com alguma gordura vegetal, para que as receitas não grudem nas formas ao irem pro forno. (Apenas imagine isso sendo usado pra armazenar selos, pra terem noção do tamanho do absurdo que é...).

Também já vi confundirem com “papel vegetal”, ou chamarem o glassine por esse nome. Realmente são fisicamente parecidos, mas são papéis totalmente diferentes e com propriedades diferentes. O Papel Vegetal (também chamado de “papel transparente”) vem em resmas, é vendido em papelarias, e serve principalmente para desenho. Quando manufaturado com baixíssima gramatura, é chamado “papel de seda” e é encontrável em cadernos escolares para desenho ou em rolos, para fazer pipas para crianças. Em boas e caras marcas, como Canson, é feito um refino mecânico da fibra de celulose, criando uma fibra gelatinosa, onde quase todo o ar é excluído das fibras, tornando-o translúcido, mesmo em gramaturas tão altas quanto 280g/m². Mas no geral, é um papel cuja polpa foi tratada com ácido sulfúrico (!!!) para se tornar translúcido e em seguida é calandrado (passado entre vários rolos de aço aquecidos e polidos). Possui altíssima umidade interna (às vezes mais de 50%), e ainda possui baixa opacidade, permitindo que a luz passe.

Ou seja, o papel vegetal é ácido (a maioria das marcas), possui alta umidade, e permite alta iluminação. Imagine um tal material sendo usado pra guardar selos...


Agora, sobre o GLASSINE:

O GLASSINE, também chamado (agora sim, na forma correta) de “papel cristal”, ou “papel pergaminho”, é justamente o OPOSTO do papel vegetal. É um papel finamente texturizado, semi-transparente, livre de ácidos, (pH neutro), tratado com glicerina (ou parafina), tornando-o REPELENTE À UMIDADE, muito mais resistente contra o ar, (poluição, poeiras, etc), óleos e umidade do que qualquer outro tipo de papel.

Logo, serve para arquivar materiais que são frágeis à luz, umidade e oleosidade, como uma excelente barreira de proteção. Isso pode incluir não só selos, como também fotos, negativos fotográficos, postais e outros objetos planos. Na filatelia, protege os selos da luz (evitando desbotamento de cores), protege da umidade (evitando assim o surgimento de “ferrugem” nos selos), e protege as peças da oleosidade das mãos e acidez de outros papéis. Protege também contra traças, já que estas não gostam de papel parafinado.

No caso dos envelopes, uso-os pra armazenar duplicatas de selos de minha coleção, como tantos outros filatelistas fazem, em todo o mundo. Para maior durabilidade, armazene os envelopes em uma caixa de plástico, acrílico ou de papel acid-free (livre de ácido), e coloque alguns saquinhos de sílica-gel dentro da caixa. (Se sua casa é infestada de BICHOS, ponha uma bola de naftalina dentro).

 

 

São encontrados principalmente nas casas filatélicas de renome e com comerciantes de boas marcas, em diferentes tamanhos e gramaturas, (quanto maior a gramatura, maior o nível de proteção), e é material importado. Não há fabricação de Glassine no Brasil.

Os envelopes glassine são excelentes “cartões de visita” e uma maneira muito profissional de se enviar selos a alguém, podendo ter sua logomarca impressa ou carimbada nos mesmos, o que é positivo a longo prazo, já que os colecionadores NUNCA os jogam fora. Há de se lembrar também que, qualquer leve umidade no fluxo do correio, p. ex. na bolsa do carteiro em um dia chuvoso, uma van de correio úmida, ou como já ocorreu comigo: uma caixa de correio ao ar livre em um dia chuvoso, que foi esquecido de conferir se o correio já passou, fará com que selos MINT dentro das cartas colem uns nos outros. Hoje tenho selos caros, comprados mint, mas que estão novos sem goma na coleção, pois tive que lavar pra desgrudá-los. Se estivessem em envelopes glassine, estariam protegidos.

O glassine não é resistente a umidade atmosférica e a iluminação, especialmente raios ultravioleta. Por isso, com o tempo, vai se tornando mais frágil, às vezes quebradiço, e fortemente amarelado, até tons marrons. Quanto mais umidade e iluminação, mais rápido será processo de envelhecimento. Quando isso ocorrer, chegou a hora de substituir. Se o glassine em questão são as páginas intercaladoras dos classificadores, então é um indicativo de que chegou a hora de trocar o classificador.

Algumas criaturas tem vendido, em sites de compras, envelopes glassine antigos já bastante amarelados e até mesmo em tons marrons, como sendo “material vintage”. E o pior, vi filatelistas comprando isso alegremente (e isso me motivou a escrever esse artigo). Esse material não serve para absolutamente NADA no que diz respeito a filatelia ou arquivística de materiais, são glassines que já chegaram ao final de sua vida útil, não protegendo mais o material contido neles contra a luz, oleosidades e umidade, e portanto, o seu único destino possível é ser deitado ao lixo. Você pode confirmar essa informação com um museólogo.

Em resumo: Tem que estar branquinho. Escureceu, amarelou, ficou marrom? LIXO.

Pra finalizar: CUIDADO com o “glassine” chinês (as vezes vendido como “nacional”): De baixíssima qualidade, e baixíssima gramatura, tão leves e finos que você quase poderia cuspir através deles, provavelmente feito de estoque de papel VEGETAL de baixa qualidade, altamente ácido, muitas vezes sendo um mero PAPEL ENCERADO (portanto, gorduroso). Na maioria das vezes, são feitos para ALIMENTOS, e cortados em formato de ENVELOPES. Um verdadeiro PERIGO para os selos, que eu já tive o desprazer de encontrar em casas filatélicas no Brasil. Ponha seus selos neles, e os verá rapidamente criando “ferrugem”. Você saberá diferenciar o GLASSINE do lixo chinês principalmente pelo preço: O verdadeiro glassine custa, em média, US$ 60 (dólares americanos) pra cada 1.000 unidades, e após ter glassine verdadeiro em mãos, não será mais enganado, pois a diferença física é grande.

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30 setembro 2020

[LIVRO] «The World Encyclopedia of Stamps & Stamp Collecting», de James Mackay

Adquiri recentemente essa obra, através do site Amazon.com americano.

Confesso que fiquei surpreso com a qualidade de impressão: Capa dura, folhas internas em papel couché de alta qualidade, o livro é até um pouco pesado pro seu tamanho. São 256 páginas, formato A5, muito, mas muito ricamente ilustradas a cores.

Na minha modesta opinião, embora em inglês, é um excelente livro pra quem está começando na Filatelia.

Pra filatelistas experientes, a obra é inútil, pois as informações ali contidas ou já são sabidas, ou são prática corriqueira.

A obra é dividida em duas grandes partes:

Na primeira parte, chamada «Um Guia para Colecionar Selos», explica desde aquilo sobre o que é um selo postal e o que não é, (selos fiscais, entre outros…), a história da criação do selo postal, com Rowland Hill na Inglaterra de 1840, as diferentes formas de apresentação dos selos, i.e., folhas, blocos, rolos, cadernetas, e até itens de papelaria postal, como inteiros postais, etc. Explica também sobre as diferentes ferramentas de uso do filatelista, tal como lupas, pinças, odontômetro, etc, os diferentes serviços dos selos (emissões regulares, comemorativas, oficiais, taxas, correio aéreo, etc.). Em seguida, sobre como e onde obter selos, como destacar os selos das cartas, como armazenar a coleção (se em álbuns ou classificadores), uso de hawid ou charneira, etc. Além disso, explica sobre os diferentes tipos de coleção: Por países ou por temas. Por fim, fala ainda sobre falsificações, ensaios, provas.

 

Na segunda parte, chamada «Diretório Mundial de Selos», fala um pouco sobre as emissões dos principais países, separados por continente. Essa parte é boa pra quem está iniciando na Filatelia e nunca ouviu falar em determinados lugares ou administrações postais que um dia emitiram selos.

No entanto, cabe ressaltar: O livro é americano, e aqui nós temos a visão filatélica de quem coleciona selos e os cataloga usando o catálogo SCOTT. Esta, também é, obviamente, uma visão POLÍTICA. A maneira como os países são classificados nesse diretório, é idêntica a do catálogo Scott, ou seja, os selos dos EUA são prioridade aqui, altamente detalhados, em segundo plano vem os da Grã Bretanha e suas colônias, enquanto que do resto do mundo, é tudo bastante superficial e muito (estupidamente) estereotipado. A ênfase maior é em selos comemorativos e temáticos. Pro Brasil, há uma página com um resumo extremamente simples.

Além disso, não possui textos NEUTROS POLITICAMENTE como é p. ex. um texto na visão filatélica do catálogo MICHEL. Fala-se muito da política AMERICANA para aquela região, mais do que sobre os próprios selos emitidos pelo local.

Cito o exemplo mais gritante nas páginas que tratam dos selos de países inimigos dos Estados Unidos, como p. ex. o Irã, onde se fala em “fundamentalismo” e “terrorismo”, o Terceiro Império Alemão, (III Reich), onde se fala em “racismo” e “atrocidades”, e na parte da Alemanha Pós-Guerra, sobre o quanto os Estados Unidos foram bonzinhos em ajudar a Alemanha “libertada do fascismo” a se reconstruir com o “Plano Marshall”, ou do Afeganistão, que fala em “local repleto de cavernas em montanhas, onde os terroristas mais perigosos se escondem”.  Mesmo que tudo isso seja verdade, penso que não é um assunto pra um livro de FILATELIA.

Ainda, sobre os países da América Central, que são tratados como verdadeiras republiquetas bananeiras, que vivem emitindo selos homenageando personalidades dos Estados Unidos, (quase que para puxar o saco americano), e no quanto os americanos são bons, pois construíram o Canal do Panamá, levando a civilização àquela região. Ainda, os países da Europa Oriental, que são tratados como meros satélites da Russia, ou os países do Oriente Médio, num só capítulo de 2 páginas chamado “Estados do Golfo”, onde praticamente só se fala em Petróleo, e nos países dos Emirados Arábes (Fujeira, Ajman, etc) que emitiram muitos selos homenageando a [cultura] Americana. Mas aqui, nem uma só palavra sobre o fato de que estes são selos condenados pela U.P.U., e não devem constar em exposições filatélicas. E claro, sobre a Coréia do Norte, cujo texto ressalta muito mais a propaganda anti-americana, e a ameaça nuclear, do que os próprios selos em si.

Pra finalizar, o capítulo sobre a China, onde não se fala uma só palavra crítica ao regime, apenas elogios, inclusive sobre a terrível “revolução cultural”, e ainda tem um capítulo especial dedicado a selos do Calendário Lunar Oriental e mais um sobre “Territórios Chineses” (Hong Kong, Macau, e pasme, TAIWAN). A razão está na contracapa do livro, abaixo do código de barras: “PRINTED IN CHINA”. Claro, o regime do Partido Comunista Chinês jamais permitiria que fosse impresso na China um livro que falasse mal do regime local…

Enfim, nessa parte, é a mais pura, e a mais simples visão norte-americana do mundo for dummies.

 

O livro custou-me US$ 15 e mais US$ 25 de taxa de entrega (via DHL) e impostos cobrados pelo Governo Brasileiro (mesmo que esse governo diga que não faz taxação de livros, o imposto já é cobrado na fonte, na hora da compra ainda no site Amazon). Demorou incríveis TRÊS MESES pra chegar, sendo quase 2 dias (menos de 48 horas) pra sair de New York e chegar no limbo curitibano dos correios do Brasil, também conhecido como “CTCI Curitiba” (Centro de Tratamento de Correio Internacional), de Curitiba-PR, e mais 88 dias pra sair de Curitiba e chegar até Goiânia, onde resido, provavelmente trazido a pé pelo carteiro, ou quem sabe, montado num preguiçoso jegue. Confesso que estava até desesperançado de ainda receber a encomenda.

Preço final em reais, uns surreais R$ 225.

Embora a parte do «Diretório Mundial de Selos» tenha essa visão política americana simplista, estereotipada, e, porquê não, IMBECIL do mundo, e fale mais disso do que de selos, a primeira parte «Um Guia para Colecionar Selos» é realmente boa pra quem está começando na Filatelia. Recomendo a compra do livro se você conhece alguém que esteja nos Estados Unidos em viagem e poderá trazer a obra consigo. Importar, comprando pelo site, pagando as taxas e remessa, não compensa, pelo valor.

21 setembro 2020

O selo «Potschta» da Zona Soviética de Ocupação na Saxônia Oriental, na Alemanha

«Potschta», emitido pelos correios de Dresden, Saxônia Oriental.
Sonho de consumo de muitos filatelistas.
Cotação € 600 mint, € 240 sem goma ou charneira, € 800 sobre envelope

O suposto primeiro selo postal do pós-guerra na Saxônia Oriental, (Zona Soviética de Ocupação na Alemanha), que por muito tempo foi considerado seguro, foi o chamado “Potschta”. Este selo postal foi produzido localmente na cidade de Dresden, por iniciativa dos correios de Dresden (Oberpostdirektion ou OPD Dresden) com uma tiragem de 1.030.000 exemplares.

Um funcionário dos correios, gerente da agência A16 de Dresden, chamado Ernst Friedrich Schneider, ficou encarregado do design e da impressão. Foi planejado para ser emitido em 21 de Junho de 1945, para coincidir com a invalidação dos selos provisórios com a efígie de Hitler pré-obliterados com cortiça e tinta preta.

No entanto, as primeiras impressões, com tinta à água, aquarelável (vermelho, fluorescente vermelho) não agradaram, e a cor não bastaria para toda a emissão. Então, uma segunda impressão foi feita, com tinta à óleo (vermelho escuro, fluorescente carmim escuro).

Uma outra versão diz exatamente o contrário: que primeiro foi feita a impressão em tinta a óleo, mas como a mesma estava ficando escassa, gradualmente foi sendo adicionado tinta à água aquarelável. Os selos que no final eram impressos somente em tinta à água, foram imediatamente descartados, e as cópias existentes devem sua existência devido ao furto. Já em 1948, o boletim «Collector’s Express» relatou que os selos «Potschtas» em tinta à água estavam circulando em grandes quantidades. E isso gerou uma investigação policial da qual falarei mais adiante…

Todo modo, a data de emissão foi postergada para 23 de Junho de 1945, sendo postos para ser emitidos os selos impressos com tinta à óleo.

Preços de catálogo imponentes - especialmente para cópias em envelopes - documentam a raridade da “Potschta” da Saxônia Oriental. É uma peça que falta em MUITAS coleções, (na minha, inclusive…) e é objeto de desejo dos filatelistas que colecionam as emissões das Zonas de Ocupação Aliadas.

E aqui começa a fantástica “saga” desse selo, uma história conhecida pelos filatelistas, e relatadas exaustivamente nos catálogos e na literatura filatélica, há quase 70 anos:

Apenas oito horas após ser colocado a venda, o Comando Soviético abruptamente mandou retirá-lo de circulação, por conta do texto “Correios” (ПОЧТА) (pronuncia-se “Potschta”) em russo, na parte inferior do selo.

Nem o prefeito nem o comandante russo se opuseram ao projeto desse selo. No dia da venda do balcão, as amostras foram novamente enviadas à cidade e à administração militar, mas depois de algumas horas os correios receberam uma ordem surpreendente para suspender imediatamente a venda do “Potschta” e destruir o bloco de impressão e os selos. Até então, porém, 14.500 exemplares já haviam passado pelo balcão dos correios e cerca de 500 foram enviados por correspondência.

 

A história não parece impossível. Sempre houve paradas de vendas semelhantes. E o gerente Schneider evidentemente testemunhou esses eventos.

Mas… Apenas alguns anos atrás, o filatelista Wolfgang Strobel, do consórcio “Arge Deutsche Notmaßnahmen ab 1945 e.V.” conseguiu provar que um caso sem paralelo de fraude tem prejudicado colecionadores por décadas, e a história postal teve que ser reescrita depois de quase 70 anos.

Ainda no final da década de 1940, alguns examinadores expressaram suas primeiras dúvidas sobre a existência de "Potschtas" devidamente – e perfeitamente - carimbados. Mas a história dos selos retirados já estava ancorada no cânone, publicada em boletins e em catálogos.

O Dr. Wilhelm Schröder, especialista nos clássicos da SBZ (Sowjetische Besatzung Zone, Zona Soviética de Ocupação), autor da obra «Das Werden einer demokratischen Postverwaltung», (“Transformação de uma Administração Postal Democrática”), elevou o episódio ocorrido em Dresden ao patamar da História ainda em 1945.

Quase 50 anos depois, tanto colecionadores quanto especialistas criticaram alguns dos carimbos postais. Em 1993, descobertas de arrepiar os cabelos, envolvendo aquilo que há de mais alemão possível na face da Terra, ou seja, CHUCRUTES E PRESUNTOS, sobre os carimbos «DRESDEN A 16 bb» vieram à tona. Ironicamente, o chefe da administração do distrito postal de Dresden em 1945, Albert Stürmer, desempenhou um papel proeminente e duvidoso.

O funcionário sênior do correio, um judeu chamado Albert Stürmer, teria guardado 50 folhas do «Potschta». Além disso, outras folhas estavam guardadas em seu escritório, de onde foram retirados os modelos enviados ao prefeito local. E, graças a um acidente, uma porção mal embalada de chucrute foi derramada na mesa de Stürmer, sob as folhas de selos, de modo que os selos grudaram uns nos outros. Ele os levou pra casa, separou as folhas intactas e lavou os selos grudados com leite azedo. Com a ajuda de um amigo, ele teria preparado uma reutilização em grande escala dos selos “resgatados” durante o inverno. Assim, envelopes foram fraudulentamente criados, inserido endereços à máquina ou manuscritos, franqueados com o selo “Potschta” previamente lavados e regomados, e no início do verão de 1946, um suculento presunto foi oferecido a um funcionário dos correios da agência A16, para persuadí-lo a fazer, durante a calada da noite, um cancelamento postal legítimo nos envelopes assim fabricados. Assim, os «Potschtas» com o carimbo que os experts atestam como “verdadeiro”, «DRESDEN A 16 bb» são todos forjados, com datas retroativas.

Exemplo de envelope “circulado” com o selo «Potschta».
Todos os exemplares conhecidos são carimbados em Dresden, na agência A16, sempre o mesmíssimo carimbo.
O que era pra ser algo lógico, pois o selo somente circulou por algumas horas, na mesma agência A16,
se tornou na verdade a principal razão para suspeitas.
Existem carimbos de outras agências, como A44, etc, mas estes os “experts” os taxam como falsos.

 

O fato de que a história do “Potschta” (de venda por poucas horas) poderia ter outras falhas, apenas gradualmente se tornou aparente. O carimbo «DRESDEN A 16 ee» parecia confirmar que só tinha sido utilizado em uma agência, a A16. Isso deu origem à suspeita de falsa carimbagem. Julgamentos moderados, no entanto, falavam de “cancelamentos por cortesia” e “pós-cancelamentos” ou mesmo “por engano” quando um “Potschta” trazia este carimbo.

O número de cancelamentos considerados corretos e genuínos diminuiu continuamente. Mas obviamente ninguém queria olhar de perto. A lenda da parada das vendas em 23 de junho de 1945 talvez tenha ficado gravada profundamente na memória coletiva. Mas quando o especialista em selos da Saxônia Oriental, Wolfgang Strobel, deu uma olhada mais de perto, ele se deparou com uma descoberta angustiante.

Em sua busca, Wolfgang Strobel se aprofundou, pesquisou arquivos e não hesitou em vasculhar montanhas de arquivos. Ao fazer isso, ele descobriu uma fraude em grande escala:

O “Potschta” evidentemente nunca tinha ido ao balcão dos correios para venda.

Os selos carimbados foram todos posteriormente cancelados com carimbos originais com datas retroativas, ou seja, forjadas. Carimbagem fraudulenta.

Toda a história da parada das vendas, apenas algumas horas após o início, era fictícia.

Os criadores da falsa história foram os funcionários responsáveis ​​pelos postos dos correios, sob cuja égide a emissão fracassou.

Na verdade, os selos foram retirados antes da venda fictícia.

É por isso que as seguintes emissões impressas e postas em circulação (sem a inscrição ПОЧТА) já estavam completas e à venda apenas seis dias após 23 de junho de 1945. Isso foi provado por uma carta da Oberpostdirektion (OPD) de Dresden. Somente em 3 de julho de 1945, o Presidente do OPD, Dr. Johannes Kneschke, entrega 25 folhas pra destruição. Aparentemente, a ideia amadureceu lentamente, mas ainda mais profundamente. Duas semanas depois, em 16 de julho, o Dr. Kneschke entrega novamente 100 folhas, no dia seguinte mais 1000.

Em 5 de julho, o vice de Kneschke também entrega mais 50 folhas. Seu nome? Albert Stürmer.

Os dois altos funcionários possuíam 117.500 exemplares. Os “Potschtas” entregues teriam sido destruídos um dia após a última entrega.

Embora as matérias-primas devam ser recicladas de acordo com a regulamentação, os responsáveis documentaram a alegada “incineração” dos estoques. Então, eles lançaram as bases para a lenda contada no início, a fim de encobrir seu golpe. A pedido do «Collector's Express» em 1948, o OPD Dresden confirmou que os selos impressos em tinta a óleo definitivamente ultrapassaram o balcão, ou seja, foram postos a venda por algumas horas, e não quis comentar as “controvérsias privadas”. O número de 14.500 “Potschtas” vendidos, no entanto, se tornou uma "exatidão inviolável", uma CERTEZA, por 70 anos...

 

Folha completa do selo “Potschta”, com certificado de autenticidade, sendo ofertado no site Delcampe por € 3.000.
Uma pechincha, se compararmos com os valores com os quais os exemplares isolados são vendidos…

 

Surpreendentemente, os acontecimentos em torno do “Potschta” já haviam sido afetados por investigações policiais no início da década de 1950, feitas pela KRIPO – Kriminalpolizei, a Polícia Criminal, quando foi investigado o furto de selos “Potschta” impressos em tintas à água (aquarelas) e que estavam em grande quantidade no mercado. O principal suspeito? Adivinha só: O sr. Albert Stürmer. Nessas atas da polícia criminal foi expressa a autuação de que nenhum “Potschta” havia sido vendido no balcão. Os balconistas dos correios, interrogados, se envolveram em declarações falsas e, mesmo então, veio à luz que o presidente do OPD, Dr. Johannes Kneschke, generosamente deu “Potschtas” em folhas - também para o gerente da agência, sr. Schneider, que diligentemente espalhou a história da venda interrompida por meio de seus relatórios. Até um selo foi encontrado com a data "23.6.45" definida. No «Collector's Express» nº 3 de 1951, entretanto, foi relatado que as alegadas 14.500 cópias "vendidas" somente aconteceram através do acesso de "ex-funcionários dos correios". Curiosamente, esses achados não influenciaram a interpretação comum - até que todas as indicações foram reunidas recentemente pelo filatelista Wolfgang Strobel.

A descoberta da fraude gerou discussões acaloradas. Muitos colecionadores, com razão, com seus selos caríssimos e com certificados de autenticidade, se sentiram enganados e relutaram em olhar a triste verdade. O assunto é escandaloso à primeira vista. O fato de os documentos usados ​​por Strobel estarem todos disponíveis ao público, mas até então ninguém se preocupou em descobrir o verdadeiro pano de fundo do “Potschta” é curioso e provavelmente simplesmente humano.

Mas ninguém pode tirar dos colecionadores e especialistas da Saxônia Oriental que eles têm um testemunho realmente emocionante sobre a filatelia alemã com o “Potschta”, e também a evidência de uma história de crime aventureira. Só porque os selos de fato não foram emitidos, não significa que percam o seu valor.

No entanto, os selos carimbados, agora têm de ser vistos como realmente são – TODOS COM CARIMBOS FRAUDULENTOS - e não como os falsificadores queriam que fossem (verdadeiramente circulados por algumas horas). Os novos, como NÃO EMITIDOS, e não como “emitidos por somente poucas horas em um único dia”, pois não chegaram a ser postos a venda. São documentos da história contemporânea e, de qualquer forma, contam uma história emocionante dos primeiros meses da filatelia do pós-guerra.

Recentemente, em 2015, o catálogo MICHEL alterou a classificação do “Potschta”. Antes era catalogado como selo MiNr. 41, e agora é MiNr. B I (não emitido).

Deixo no ar duas dúvidas pessoais:

1) Se o Alto Comando Soviético mandou retirar o “Potschta” por conta da inscrição em russo (o que de fato não poderia acontecer, já que se está em território alemão, a inscrição nos selos deve estar somente em alemão, pois a derrota militar da Wehrmacht – Exército Alemão - não pressupõe o fim de um povo e de um Estado), seja por iniciativa própria ou por reclamação dos outros aliados… Porque as emissões da Zona de Ocupação Francesa, com a inscrição «ZONE FRANÇAISE», inclusive impressas bem depois do “Potschta”, em Dezembro de 1945, também não foram retiradas de circulação ou não foram objeto da mesma reclamação??

2) Após ficar HORAS pesquisando imagens dos envelopes supostamente circulados com o selo “Potschta”, notei o seguinte: Todos são muito parecidos. Mesmo formato de envelope, mudando apenas 2 ou 3 cores do papel do envelope. Alguns escritos à máquina, sempre no mesmo formato e cor das letras, outros em manuscrito, com caligrafias idênticas. Todos com o selo “Potschta” isolado, nunca em pares, tiras, blocos, ou misturados a emissões anteriores (efígie de Hitler sobrestampada à cortiça, com tinta preta). Todo mundo enviando cartas de primeiro porte básico, de 20 gramas? Nenhum envelopinho com mais volume (e claro, sendo necessário mais selos pra pagar o porte)? Estranho… E também NUNCA NENHUM ENVELOPE REGISTRADO. Cartas registradas não podem ser confeccionadas “de favor”, estas precisam obrigatoriamente passar pelo sistema do correio. Ninguém nunca desconfiou de nada por 70 anos???

Exemplos de 3 envelopes com o selo “Potschta”, todos com a MESMA caligrafia. Nos dois primeiros envelopes, a coisa aos meus olhos é tão ridícula que até mesmo o ângulo de ataque do carimbo aplicado é o mesmo, como se o carteiro estivesse com uma pilha de cartas na mão e carimbando-os em sequência. Isso é apenas uma pequena amostra, é possível encontrar na internet DEZENAS de envelopes idênticos, com a mesma caligrafia, e todos “expertizados” BPP. Isso pode ser explicado com um remetente – provavelmente comercial - postando dezenas, centenas de cartas de uma vez. Mas acontece que quase todo o material que existe hoje tem a MESMA caligrafia. Foram supostamente 14.500 selos vendidos. Ninguém mais mandou cartas nessa agência, nesse dia? O último envelope, inclusive, “endereçado” a Friedrich Schneider, sim, ele mesmo! O próprio gerente da agência A16, onde a peça foi carimbada, e que também participou da criação dos selos e da posterior fraude, junto ao sr. Stürmer. É MUITA COINCIDÊNCIA!!! E mais, ele morava junto ao sr. Karl Lindermann, o destinatário do primeiro envelope? Bizarro…  Lembre-se: € 800 euros a cotação de cada um no catálogo MICHEL…

 

Cabe ressaltar: O selo “Potschta” continua sendo um selo bastante digno de estar em uma coleção. Continua bastante cobiçado. Eu inclusive quero um e um dia terei! Apenas sua história verdadeira é que foi finalmente revelada, e sua classificação em MICHEL alterada, sendo ele um não-emitido, e seus exemplares carimbados, são feitos de favor, no qual o responsável, um balconista qualquer do correio A16 de Dresden, em conluio com Stürmer, ganhou um reles presunto em troca do serviço fraudulento de carimbagem com datas retroativas, forjado para fins filatélicos. (A guerra havia terminado apenas 2 meses antes, em Maio de 1945, e muitas cidades estavam destruídas, Dresden especialmente foi quase varrida do mapa, tamanha a violência dos bombardeios aliados, no qual mais de 100.000 pessoas morreram somente nessa cidade em apenas 3 dias de ataque – todos civis, um crime de guerra dos aliados –, e uma peça de presunto naqueles tempos terríveis era um bom pagamento pra algum servicinho “extra”).

Se a cotação dos exemplares novos vai subir ou descer, só o tempo dirá…

Já a cotação dos exemplares (fraudulentamente) carimbados, esse digo com certeza que vai cair significativamente.

Já é possível encontrar em leilões na Alemanha os envelopes, que antes disputados a tapa por € 800 de lance inicial, estão saindo agora por € 200, e com raros (talvez desavisados) compradores. 

Pra finalizar, menciono uma citação espetacular, do Boletim #72 do ARGE DEUNOT (ARGE Deutsche Notmaßnahmen ab 1945 e.V.), página 95, de onde retirei grande parte das informações contidas nesse post, e onde estão os documentos e fontes primárias dessa pesquisa do sr. Wolfgang Strobel. (O artigo todo tem 130 páginas, ricamente ilustrado com documentos da época, e aqui no blog fiz um resumo). Segue o trecho:

(…) em meados de Junho de 1950, o Ministro dos Correios e Telecomunicações informa o Chefe da Comissão Central de Controle do Estado em Berlim que o ex-presidente do OPD Dresden (Oberpostdirektion Dresden, os Correios de Dresden), o sr. Albert Stürmer, havia “realizado um negócio de um milhão de Marcos para si mesmo com o selo Potschta de 1945”.

Em 23 de Julho de 1950, ocorre uma busca domiciliar da Polícia Criminal na residência do agora demitido ex-presidente sr. Albert Stürmer, por causa do selo Potschta.

No dia seguinte, o sr. Albert Stürmer comete suicídio. (…)

É, meus caros… Onde a praga vermelha comunista põe o dedo, principalmente se está vendendo a preços altos, é de se esperar que haja alguma malandragem, alguma mutreta, algum rôlo, algum cambalacho, ou pra usar uma palavra muito em voga no Brasil atual, algum “malfeito”… Essa regra é INFALÍVEL. Para um comunista, o comunismo é para os outros, já pra si próprio o que vale é a forma mais selvagem possível de capitalismo, inclusive mediante fraude, além de sede de sangue e poder total. O que um comunista mais gosta, é de dinheiro. Dos outros, é claro! O sr. Albert Stürmer, do OPD Dresden (cujo assistente foi pago por ele com presunto pra carimbar os envelopes forjados) encheu profundamente os bolsos nos anos seguintes, com a venda dessas peças. E quando foi descoberto o seu golpe, após uma busca policial e na iminência de ser preso, se vitimizou e tirou a própria vida, pois certamente, na melhor das hipóteses, iria passar longos anos no xadrez no obscuro interior da ainda em reconstrução cidade de Dresden, na recém criada Alemanha Oriental.

Há de se ter OLHO VIVO no colecionismo, especialmente com peças caras e cobiçadas, e no caso de filatelia alemã, igualmente, para envelopes Zeppelin, muitos “circulados” de um único remetente. A quantidade que é possível encontrar somente numa busca na internet, pesquisando um único vôo, chega a levantar dúvidas se tudo aquilo caberia na área de carga dos famosos dirigíveis. Isso porque sequer mencionei as peças completamente falsas e fabricadas filatelicamente, algumas tão ridículas que o endereço do destinatário é escrito com caneta esferográfica, cuja só foi inventada nos anos 1950, sendo que o último vôo dos dirigíveis foi em 1937, com o fatídico acidente do “LZ-129 Hindenburg”.

E também com o selo «Vineta-Provisorium», um selo tipo “Germania” de 1900 “Reichspost”, cortado ao meio e sobrecarregado “3 PF” em violeta, o qual foi filatelicamente criado, inclusive com datas retroativas de carimbos, e que igualmente existem grandes quantidades de falsos completos no mercado.

E igualmente, com os selos da Alemanha MiNr. 909/910, «Parteiorganizationen Sturmabteilung (SA) und Schutztaffel (SS)» emitidos em 21 de Abril de 1945, com o exército russo já dentro de Berlin. É a última emissão do Reich Alemão. Os selos foram sem dúvida, emitidos, pois há registro documental da emissão. Mas cartas circuladas com o mesmo, como existem algumas por aí, com “certificados” BPP, acho bastante duvidoso. Os homens disponíveis estavam no front, seja no que restou do exército alemão, seja na milícia armada Volkssturm (que aceitava homens fora da idade militar, mulheres e até crianças). Haviam carteiros entregando correspondência debaixo de fogo de artilharia russa, com obuses, foguetes, bombas e tiros de metralhadoras .50 voando pra todos os lados em cada esquina de Berlin, nos últimos dias da guerra? Nem precisa ler bons livros acadêmicos pra entender como estava a cidade: Quem assistiu o filme «Der Untergang» (A Queda) vai ter uma idéia da situação de Berlin nesses dias. Quem eram esses corajosos carteiros? Na minha opinião, cartas circuladas com esses selos são uma fraude filatélica, igualmente criadas após a rendição alemã, com datas retroativas nos carimbos.

Falarei desses três em outros posts em breve. Os falsificadores da época não contavam que um dia, uma grande parte desse material estaria escaneado ou fotografado por milhares de vendedores e colecionadores pelo mundo, e com imagens acessíveis facilmente a qualquer um com internet. No mundo do colecionismo, se algo, por menor que seja, esteja suspeito ou levante dúvidas, a chance de ser uma peça falsa ou de fabricação fraudulenta é altíssima.

Quanto ao “Potschta”… O fato é que, passados 30 anos da queda do Muro de Berlin, muitos MISTÉRIOS da antiga Zona Soviética de Ocupação, posteriormente Alemanha Oriental, ainda estão por ser revelados, inclusive na Filatelia.

20 setembro 2020

Fita Protetora «ShowGard»

Nos últimos tempos tem havido uma escassez no mercado de fitas protetoras para selos. A razão é a seguinte: O fabricante das fitas nacionais «Maximaphil» faleceu, a produção foi encerrada por mais de um ano, até que o proprietário de uma casa filatélica adquirisse os direitos de produção. A produção voltou, mas está lenta. Além disso, as fitas importadas estão a preços proibitivos por aqui, por conta da alta cotação do Dólar e do Euro, além das absurdas taxas de importação, que costumam passar de 100% do valor do produto. Isso tudo quando o produto não é pura e simplesmente roubado retido na alfândega.

Adquiri recentemente um stock grande das fitas protetoras «Showgard». São fabricadas na Alemanha, gomadas no verso. A qualidade do material me surpreendeu, tão bom quanto o da marca «Hawid». Seguem imagens:

 

Esse conjunto específico vem em uma bandeja, (o que facilita MUITO na hora de guardar o excedente), com vários pacotinhos de fitas já pré-cortadas para tamanhos específicos de selos dos Estados Unidos. Todas as fitas são dupla solda. Existe também pré-cortado para selos do Reino Unido, e outros países, além do tradicional pacote de fitas sem corte que estamos acostumados, além de pacotes por kilo, com diversos tamanhos de fitas sem corte. As fitas dessa bandejinha são recarregáveis, ou seja, é possível comprar somente o tamanho específico que se quiser.

Uma pena que a marca nacional «Maximaphil» não venha assim também, em bandejinhas com tamanhos pré-cortados, ou por kilo.

Sobre as fitas protetoras, em geral, tenho a dizer o seguinte:

1) Charneira, JAMAIS. Nunca use charneiras, para absolutamente NADA. Charneira é coisa ultrapassada, estraga os selos, desvaloriza os selos “mint”. Sendo sincero mesmo, somente os Fila-Jumentos ainda a utilizam.

2) Não importa se seu sistema de classificação de selos seja por meio de álbuns ou classificadores. Use SEMPRE fitas protetoras. A marca das mesmas, se nacional ou importado, nesse caso, tem pouca relevância. Para álbuns não preciso comentar o motivo: São o único meio (além das estúpidas charneiras) no qual é possível por o selo na página. Mas no caso dos classificadores, é importante também utilizar fitas protetoras, por diversos motivos: Evita que os selos fiquem impregnados com poeira, ficando encardidos com o tempo; evita que a goma grude nos classificadores; evita que os bolsinhos dos classificadores rasguem os selos em uma retirada brusca; protege a denteação e os “confetes” da denteação, e PRINCIPALMENTE: Previne o surgimento de “ferrugem”.

3) Para o caso da utilização em classificadores, recomendo que usem a marca nacional «Maximaphil», principalmente, por a mesma não conter goma no verso. No nosso clima tropical, se seus classificadores estiverem recebendo uma umidade mais alta, as fitas importadas, que contém goma no verso, correm o risco de grudar no classificador. (Por isso mesmo o correto e ideal é manter os classificadores em um armário fechado, com vários saquinhos de silica-gel espalhados nas prateleiras).

4) No entanto, NÃO RECOMENDO O «MAXIMAPHIL» para selos NOVOS do Canadá (especialmente das décadas de 1960-70-80) e do Reino Unido, especialmente os selos «Machins» com a efígie da Rainha Elisabeth II. Experiência própria aqui: A razão é que a barra de fósforo existente nesses selos migra para o plástico transparente da frente da fita protetora. Não sei dizer porque isso acontece, mas só acontece no «Maximaphil».

5) Para a marca nacional «Maximaphil» recomendam, no caso da utilização em álbuns, que o mesmo seja colado com cola bastão, tipo «Pritt». NÃO RECOMENDO essa prática. Em pouco tempo a cola seca, fica vitrificada, a fita protetora se solta da página do álbum, e o selo corre o risco de se perder. Recomendo que colem as fitas nos álbuns utilizando GOMA ARÁBICA, encontrável em qualquer papelaria. Despeje um pouco de goma em um pires raso, ou a tampa de um pote, tipo as de margarina, bem planas e chatas, e aplique a goma na fita com cuidado, utilizando um pequeno rolo ou pincel.

6) A fita protetora nacional «Maximaphil» voltou a ser fabricada e a qualidade das soldas continua a de sempre, ou seja, soldas tortas ou em excesso, especialmente pras fitas com grandes tamanhos. Em um pacote que adquiri, perdi umas 3 ou 4 fitas ao cortar o excesso de solda. O preço aumentou muito também, e em uma compra em grande quantidade, mais vale adquirir um pacote por kilo das marcas importadas Leuchtturm, Lindner, Hawid, Prinz, Showgard, etc, do que o equivalente nacional. No final a diferença de preço é pequena, mas a diferença de qualidade é gritante.

DICA: Pacotes com 50g, 100g, 200g, 500g e 1 kg de fitas protetoras da marca LEUCHTTURM, assim como guilhotinas para corte, cola especial para fitas protetoras e esponja para umedecer a goma das fitas, são encontrados a venda com o amigo Nélio Oliveira, da Farol Alemão Coleções, o distribuidor oficial da Leuchtturm no Brasil. Ou direto pelo Whatsapp: (99) 98855-0000.

19 setembro 2020

[LIVRO] Brasil 1844-1846 «Inclinados», de Walter Gonçalves Taveira

Uma excelente obra sobre a segunda emissão de selos do Brasil, a série «Inclinados», que trata com detalhes sobre as origens e motivações que levaram o correio imperial brasileiro a emitir essa segunda série de selos, incluindo os decretos e legislações. Há um excelente estudo acerca da classificação universal dos selos da série «Inclinados» pelo tipo de papel, tipos e subtipos, apresentando ainda os maiores múltiplos conhecidos, exemplares em cartas, falsificações e fac-símiles, etc. Tudo o que pode ser dito sobre esses selos, está nesse livro. Fundamental para enriquecer o conhecimento filatélico.

Tudo isso apresentado em edição própria do autor, extremamente luxuosa, tamanho A4, capa dura encadernada em tecido com o Brasão do Império em baixo-relevo e inscrições em dourado, e incríveis 628 páginas em cor creme, costuradas. O texto é bilíngue Português e Inglês.

A obra recebeu diversas premiações em exposições filatélicas nacionais e internacionais.

O prefácio é de ninguém menos que o falecido Paulo Comelli, o maior estudioso da filatelia brasileira.

Na minha opinião pessoal, é literatura fundamental na biblioteca do filatelista brasileiro. Não dá pra não ter. É importantíssimo ler o seu conteúdo antes de se aventurar na compra dos caríssimos selos de 180, 300 e 600 Réis «Inclinados», não só para saber exatamente o que se está comprando e não ser enganado por falsificações de boa qualidade, mas também pra conhecer toda a história e detalhes pormenorizados por trás desses selos.

O livro pode ser encomendado diretamente com o autor, bastando escrever para wtaveira2010@gmail.com ou wtav@terra.com.br

23 fevereiro 2019

Duas Bizarrices da Filatelia Brasileira atual

Crio esta postagem pra deixar meus comentários a respeito de duas coisas bizarras na filatelia brasileira atual.

A PRIMEIRA, esse tal «Album Marek».

Conheci recentemente esse álbum Marek num encontro e fiquei chocado. De quem foi essa idéia cretina de se fazer folhas de álbum contendo espaços pra selos destacados dos blocos, quadras em diferentes posições, e se-tenants destacados? Não consigo crer que existam juntadores de selo (me recuso a chamar de filatelistas) que destacam se-tenants, rasgam blocos e picotam folhas que contém selos diferentes apenas pra preencher o espaço desse álbum. Tem que ser muito desinformado, um grande bobalhão, pra cometer tal atrocidade! Ninguém percebe o quanto isso é ridículo? BIZARRO.




Se-tenants, folhas com selos diferentes e selos destacados de blocos, assim como quadras em posições diferentes do projeto original (como apresentado nos Editais de Lançamento) não tem o mesmo valor de catálogo da peça inteira e completa e na posição correta, o valor é muitíssimo inferior. Tal premissa é válida em toda a filatelia MUNDIAL. Basta consultar os catálogos! Não acredita? Tenta vender seus se-tenant picotados ou quadras de diferentes posições no comércio filatélico. Ninguém os quer, muito menos pelo preço da peça inteira ou normal. Essa idéia imbecil provavelmente veio de algum grande comerciante que tem grande estoque e quer ver os próprios colecionadores comprando 2 ou mais peças e destruindo-as, pra fazer as restantes se valorizarem.

Pra piorar, vi hoje um comerciante anunciando em um “Informativo” que no suplemento 2018 desse álbum, o editor utilizou imagens de divulgação da ECT, no qual os blocos não aparecem com seu “apêndice” com o código de barras. Então o comerciante sugere que se RETIRE o código de barras dos blocos, para que caibam nas folhas do álbum! Ou seja, arruinar a peça em favor da folha do álbum! Inacreditável! Achei essa idéia muito esquisita, pra dizer o mínimo. Gostemos ou não do código de barras, (eu acho horrível) o mesmo faz parte da peça, foi assim oficialmente emitido, e destacá-lo é estragar a peça. A folha do álbum que se dane, o importante são os selos e de preferência tal como emitidos pelo correio.


A SEGUNDA, comprar cada estampa que surge dos tais selos personalizados.

É claro que você pode colecionar todas as milhares de diferentes estampas comerciais e particulares dos selos personalizáveis com imagens diferentes que surgirem, seja o mesmo emitido por particulares, (como eu ou você, que pode encomendar nos correios selos com sua foto ou seu logotipo), seja o mesmo emitido pelo próprio correio por contrato com alguma empresa qualquer e vendido livremente nas agências. O Catálogo RHM até os lista e enumera, pra quem acha isso bonito.

Agora, convenhamos que isso é uma gigantesca bobagem. Na filatelia mundial, onde esses personalizáveis já viraram igualmente uma praga, o que importa é o design-base, ou seja, o “modelo”. O desenho personalizável, onde qualquer um pode colocar o que quiser, não tem importância alguma. Pode ser o que for, a cotação será a mesma.



Não acredita? Consulte os catálogos mundiais, tais como Scott, Yvert et Tellier, Michel, etc. Nos mesmos só constam os “modelos”, e não cada personalizado que o correio emite por contrato publicitário com algum artista ou empresa, ou que algum particular manda confeccionar.

Novamente, o que importa é o MODELO, A BASE IMUTÁVEL comum a todos eles, para a classificação, ou seja, são as diferenças no logotipo do correio (antigo e novo), gomados ou autoadesivos, as diferenças de formato, etc. Aquilo que é OFICIALMENTE criado e tal qual está no Edital. 

Ficar adquirindo 10, ou 20 personalizados de mesmo modelo, mas diferentes estampas particulares, com propagandas comerciais, quando a intenção é ter apenas um ano completo das emissões, e não a coleção específica dessas coisas, é ter, aos olhos da filatelia mundial, selos idênticos, e alguns de péssimo gosto como selo do Luan Santana, selo de Loja Maçônica… Tenha dó!

Eu também guardo os que caem nas minhas mãos, vindos de alguma troca ou correspondência recebida, mas em um classificador à parte somente pra eles, nunca junto aos anos completos ou à coleção principal, exceto quando de seu lançamento, e aí a estampa particular pode ser qualquer uma. Ficar comprando cada estampa diferente e PARTICULAR que surge, é jogar dinheiro fora, que poderia estar sendo investido em boas peças clássicas e com real valor histórico e cultural.

Mas, claro, estas são apenas as minhas opiniões particulares, e cada um cuida da sua coleção e do seu investimento como achar melhor…